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Independência do Brasil: como desenvolver práticas educativas?

1 de setembro de 2022
E-docente

O período em que se aproxima o marco histórico dos 200 anos da Independência do Brasil é marcado por duas vertentes de reflexão.

Uma em que temos um país jovem de autonomia referente à identidade da nação e outra em que o país carece de melhor compreensão sobre o período anterior da independência – 7 de setembro de 1822 – até o momento histórico atual. Neste período, há acontecimentos característicos de um processo longo e duradouro referente à constituição de uma nação independente. 

Nesse sentido, cabe ao professor planejar um projeto pedagógico para ser trabalhado na semana da comemoração da independência. Este projeto funciona como possibilidade de motivação para a compreensão da história do Brasil.

“O estudante deve compreender esse marco histórico da independência pelas consequências de acontecimentos do período até os dias atuais”

Quer saber mais sobre a Independência do Brasil e como desenvolver práticas educativas? Então, confira o conteúdo que preparamos para você!

Sugestões de atividades para compreender a Independência do Brasil

Sugestões de atividades para compreender a Independência do Brasil

1. Primeira sugestão de atividades 

A primeira situação para os professores é delimitar como foi a constituição da independência do país.

Quais foram os fatos que ocorreram para que se chegasse a essa separação do Brasil Colônia para o Brasil integrante do Reino Unido de Portugal e Algarves?

Foi neste contexto que surgiram as primeiras manifestações pelo desejo de independência total do país.

Assim, os estudantes precisam vivenciar atividades e pesquisas para compreenderem o que foi, para algumas localidades, a luta pela independência. Luta que aconteceu de forma não pacífica, referida como, por exemplo, “separatista regional e republicana”, em referência à Revolução Pernambucana de 1817.

2. Segunda sugestão de atividades 

Diante disto, a segunda situação é verificar se todas as crianças possuem a representação do Brasil na atualidade com as regiões, os estados e os municípios, para poder, em seguida, refletir sobre a organização geográfica e continental do Brasil. E verificar que cada período histórico teve revoluções e grupos que aprovavam ou reivindicavam a permanência com Portugal ou a separação total.

Assim, existiram as províncias que não eram a favor da separação entre Portugal e Brasil. Ou seja, os quatro grandes centros da resistência contra a independência do Brasil aconteceram nas seguintes províncias: 

  1. Pará;
  2. Bahia;
  3. Maranhão;
  4. E Cisplatina (que, atualmente, pertence ao Uruguai). 

Nesse sentido, visitar os principais museus da cidade que tratam desse momento histórico representa compreender a organização de cada região para o período.

Em contrapartida, os estudantes precisam entender que, na constituição das grandes revoluções, sempre há pessoas que estão de acordo com as reivindicações ou que são contrárias a elas.

Eles precisam entender, por exemplo, que a revolução pernambucana de 1817 foi o último movimento separatista de caráter republicano do período colonial brasileiro. E que esse movimento visava à mudança do cenário de dificuldades em função da crise econômica no Brasil.

Sugerimos esse tipo de reflexão que pode ser um caminho para a realização de um júri simulado com argumentos que irão envolver os favoráveis e os contrários ao momento da independência. Essa vivência contribui para o respeito pelas opiniões diversas e para a compreensão acerca da organização política do período.

3. Terceira sugestão de atividades 

A terceira situação pedagógica que precisa ser refletida com os estudantes é sobre a construção da linha do tempo histórica dos acontecimentos ocorridos entre 5 e 10 anos antes de 1822 até o ano de Proclamação da Independência em 1822.

Esse aspecto inicial pode ser elaborado pelos estudantes com um grupo de pesquisa. E, na sequência, com outro grupo de pesquisa da turma; então, juntos, podem destacar fatos históricos ocorridos até o ano de 2022.

Importante delimitar as características dos fatos históricos para a história do Brasil que possam contribuir com a formação do Brasil como nação dos últimos 200 anos de independência.

Nesse caso, os grupos da turma irão apresentar seus fatos e as justificações para o motivo dessa situação ter ocorrido nesses períodos específicos da história.

É um importante momento de se deparar com as opiniões dos estudantes e contribuir com as ações de apresentação e de criação argumentativa, promovendo a socialização e a escolha dos fatos históricos mais significativos para a constituição da nação brasileira. 

4. Quarta sugestão de atividades 

A quarta situação pedagógica seria retratar as consequências da independência do Brasil que ocorreram com o surgimento do Brasil enquanto nação independente e a construção da nacionalidade brasileira.

E, além disso, compreender algumas consequências da independência, como o estabelecimento de uma monarquia nas Américas e o endividamento do Brasil, decorrente de um pagamento de 2 milhões de libras como indenização aos portugueses.

Essas são algumas consequências que tornam a leitura dos fatos mais crítica e devem ser refletidas em termos econômicos e sociais para a compreensão do contexto brasileiro pelo qual se constituiu a independência.

É importante compreender que o processo de constituição da independência do Brasil vai muito mais além do fato de Dom Pedro I, às margens do Rio Ipiranga, tê-la proclamado (uma leitura superficial desse capítulo da história) e um bom meio para isso é utilizar práticas como: 

  1. Refletir sobre o hino da Independência do Brasil (significados, motivos e contexto); 
  2. Investigar quando foi criada a bandeira e como se deu a organização dos símbolos e dos seus significados; 
  3. Pesquisar, por meio das fontes históricas disponíveis na internet, a influência da participação popular no processo de emancipação; 
  4. Pesquisar sobre a família real no Brasil, por meio de aulas que explicam a influência da monarquia portuguesa para o processo da Independência; 
  5. Compreender o Brasil Império com estudos e pesquisas específicas.

5. Quinta sugestão de atividades

No momento final, a quinta situação pedagógica deve levar os estudantes para apresentar uma representação do aprendizado através de desenho e uma explanação oral sobre a escolha desse recorte histórico.

Para desenvolver isso, sugerimos a disponibilização de materiais em revistas, apoio das pesquisas na internet e livros da história do Brasil. Para esses estudantes, cabe uns 25 minutos de preparação e 10 minutos de apresentação após o material em desenho ficar pronto.

Assim, existe tempo para ter a produção que realmente contribua com a autonomia dos estudos e da criação nos grupos. Cabe ter uma socialização prévia, em duplas, para desenvolvimento da criatividade e dos ajustes finais desse material.

A ideia é ter um rico momento de possibilidade de tempo para explicitação dos conteúdos de trabalho com as vivências significativas do aprendizado.

Nesse contexto, para trabalhar o Dia da Independência, deve-se ter planejado que os fatos históricos postos são aspectos de aprendizado para compreendemos a pátria na atualidade. 

Conclusão sobre Independência do Brasil e práticas educativas

Conclusão sobre Independência do Brasil e práticas educativas

Destacamos, por fim, cinco objetivos que são fundamentais para essa construção na prática docente ser de forma criativa e, além disso, para tratar do período da Independência do Brasil de forma crítica e significativa; são eles: 

  • desenvolver no estudante o conceito de “pátria” e conhecer de forma crítica e aprofundada a história do Brasil;
  • compreender a história do Brasil anterior e posterior ao dia 7 de setembro de 1822 até os dias atuais, contribuindo para a visão ampla dos fatos ocorridos;
  • estudar a geografia do Brasil para entender a influência que a independência apresentou para o período;
  • levar os estudantes a pesquisar e descobrir as curiosidades que não são sempre contadas a respeito da nossa história (como era a cultura? Como as pessoas se vestiam e como se portavam? Onde elas moravam? Como viviam? entre outros);
  • contar a história da família real, por meio de um teatro com as crianças, para estimular a compreensão do contexto vivido na época e a criatividade do grupo.

Gostou de saber mais sobre a Independência do Brasil e como desenvolver práticas educativas? Então, confira o nosso artigo sobre como construir processos e elaborar atividades complementares!



Renata Araújo Jatobá de Oliveira
é Investigadora de Pós-doutoramento em Educação pela Universidade de Lisboa/Portugal; Doutora em Ciências da Educação pela Université Lumière Lyon 2 – França; Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Brasil; Especialista em Éducation Pédagogique et Culture(s) de l’Altérité pela Université Claude Bernard Lyon 1 – França; professora de Ensino Superior; membro/formadora do Centro de Estudos em Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco (Ceel/UFPE); consultora educacional com os programas Alfagestar (@alfagestar) e Criativa-Lar (@criativelar); palestrante; mentora para orientação dos estudos e seleções de mestrado e doutorado; e pesquisadora de educação e linguagem; autora de materiais didáticos e pedagógicos para a Educação Infantil e o Ciclo de Alfabetização.

Atua como Técnica Pedagógica na Secretaria de Educação do Recife e do Estado de Pernambuco. Possui o canal do Papo Educa (@papo_educa) para trabalhar com formação de professores envolvendo prática pedagógica, didática, metodologias do ensino com aulas remotas e ensino híbrido, entre outras temáticas. E-mail: renata_jatoba@hotmail.com.

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