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Compreendendo as competências socioemocionais – por Maria Tereza Maldonado

17 de janeiro de 2020,
E-docente

Quer saber mais sobre competências socioemocionais? Dentre as profissionais mais requisitadas para consultoria e palestras, está Maria Tereza Maldonado.

A Mestre em Psicologia Clínica traduziu seu conhecimento para a literatura juvenil, elaborando a obra A face oculta: uma história de bullying e cyberbullying. Muito adequada para os jovens leitores, o livro foi aprovado no PNLD Literário 2020 e pode fazer parte do material didático por todo país.

Neste artigo escrito pela Maria Tereza com exclusividade para os leitores do e-docente, confira aspectos da educação socioemocional.

Os professores, as competências socioemocionais e a BNCC

De onde surgiu o interesse por esse tema?

“Difícil motivar os alunos, são desatentos e desinteressados!”;

“É uma agitação só, concentração zero!”;

“Não sei como lidar com tanta indisciplina!”;

“Muitos casos de bullying na escola”;

“A gente é agredido por alunos e pelas famílias”;

“É muita falta de respeito!”

“Sinto raiva quando um aluno me desafia e tenta me intimidar!”;

“As famílias não respeitam a autoridade do professor e não colocam limites nas crianças!”

Os professores enfrentam grandes dificuldades neste cenário de grandes mudanças nos relacionamentos, de aumento de violência social que se reflete no ambiente escolar e da necessidade de novos modelos de ensino para fazer frente às enormes e velozes mudanças tecnológicas. Por isso, todos precisam desenvolver competências socioemocionais.

O termo “aprendizagem socioemocional” (socioemotional learning, ou SEL) foi criado em 1994 em um encontro no Instituto Fetzer, nos Estados Unidos.

O instituto reuniu um grupo de profissionais e pesquisadores dedicados ao estudo do desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.

A definição apresentada: Um processo de aprender um conjunto de habilidades sociais e emocionais, tais como:

  • autoconhecimento,
  • autocontrole,
  • consciência social,
  • habilidades de relacionamento e tomada responsável de decisões, em um ambiente que oferece apoio e segurança.

Isso está sendo considerado fundamental para viver bem neste mundo do século XXI. Precisamos das competências cognitivas e socioemocionais interligadas para preparar crianças e adolescentes para serem adultos criativos e proativos, que possam contribuir para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

Por isso, nas Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), estão incluídas as socioemocionais: autoconhecimento e autocontrole, autonomia e autogestão, empatia e cooperação, responsabilidade e cidadania. E o conhecimento precisa estar a serviço do desenvolvimento dessas competências.

Por que o professor precisa desenvolver competências socioemocionais?

A sala de aula é um ambiente social e emocional muito complexo. Quando o professor desenvolve em si próprio essas competências, consegue construir seu bem-estar e ensinar melhor tudo isso.

Vale lembrar que a neurociência mostra que as conexões neurais em nosso cérebro são feitas e refeitas no decorrer de toda a vida, influenciadas por nossas experiências e pelos relacionamentos com os outros e conosco mesmos. Ou seja, somos todos uma “obra em progresso”.

O professor precisa evoluir no autoconhecimento para conhecer melhor os alunos e contribuir eficazmente para que eles desenvolvam as competências socioemocionais que aumentam o bem-estar e preparam melhor para a vida.

Todos nós internalizamos preconceitos até mesmo sem perceber. O exame atento de nossos próprios preconceitos pode estimular uma mudança de visão e de ação.

Por exemplo: “Será que eu avalio de modo diferente comportamentos de crianças negras e brancas?” “Será que eu automaticamente penso que os problemas que surgem na turma foram iniciados por aqueles alunos que sentam no fundo da sala?”

A diferença entre escolas que conseguem estimular o bom desenvolvimento de crianças e adolescentes e as que não conseguem é o clima do convívio no espaço escolar e a qualidade do relacionamento entre professores e alunos.

Receita para o bom ensino dentro das competências socioemocionais

O bom ensino não depende só do método empregado pelo professor: surge de sua capacidade de conectar, com seu coração, sua pessoa com as dos alunos e com o conteúdo que transmite.

Isso pode se manifestar de várias formas como, por exemplo, propor projetos escolares sintonizados com a realidade em que os alunos vivem, motivá-los a desenvolver pensamento crítico examinando temas atuais do noticiário.

Aprender a se acalmar contribui para o exercício da empatia que permite entender melhor o contexto em que acontecem situações difíceis e desafiadoras. Com isso, é possível manter a boa qualidade da conexão com alunos e famílias, além de fortalecer a resiliência para manter o bem-estar em um contexto de trabalho com múltiplas demandas.

Como o professor entra na sala de aula? Centrado? Estressado? Desestimulado? Assustado com a indisciplina dos alunos? Qual o impacto de lidar com alunos que chegam agitados por estarem estressados/traumatizados por viverem em lares/comunidades com muita violência?

Como entender a preocupação oculta na explosão de raiva de uma mãe cuja criança foi mordida por um colega e se queixa que ninguém impediu que isso acontecesse?

Quais são as principais competências socioemocionais?

Um grupo de profissionais americanos criou a instituição CASEL (The Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning) há algumas décadas. A missão desse grupo é disseminar o desenvolvimento das competências socioemocionais em escolas, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.

A boa dinâmica da sala de aula depende do desenvolvimento dessas competências. É importante enfatizar que as emoções podem contribuir para a aprendizagem, mas também podem inibi-la, quando prejudicam a atenção e a memória.

As competências socioemocionais começaram a ser mais valorizadas a partir do aumento da preocupação com a incidência de episódios de violência nas escolas, bullying e suicídios de adolescentes.

Quando eu escrevi A face oculta – uma história de bullying e cyberbullying, havia uma grande preocupação em fazer ações para combater esses episódios nas escolas, que acabou culminando na Lei 13.663/2018 que torna obrigatória as ações de prevenção e combate a diversos tipos de violência nas escolas.

Porém, na prática, isso nem sempre acontece e, quando ocorre, muitas vezes se limita a ações pontuais com pouca eficácia.

Quando a BNCC propõe a inclusão da aprendizagem das competências socioemocionais desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, aumenta a possibilidade de fazer uma prevenção muito mais eficiente ao bullying e ao cyberbullying, em especial por conta do desenvolvimento do respeito pela diversidade e pela habilidade de construir e manter bons relacionamentos.

Quais as competências necessárias

A equipe do CASEL identifica cinco competências fundamentais, que abarcam várias outras:

  • Autoconhecimento: conhecer suas próprias limitações e possibilidades (pontos fortes e fracos), com senso de confiança, otimismo e mentalidade de crescimento (“growth mindset”), segundo a qual, em qualquer idade, é possível desenvolver nossas inteligências e habilidades. Fortalecer a resiliência para superar obstáculos. Perceber o que acontece com seus sentimentos diante das situações que se apresentam. Identificar, entender, nomear e conversar sobre as emoções.
  • Autocontrole: manejo do estresse, controle dos impulsos (aprender a parar, se acalmar e pensar, antes de reagir no “piloto automático” de modo intempestivo e rude), cuidar do seu corpo e de sua saúde, (alimentação, qualidade de vida), automotivação para alcançar objetivos (perseverança para não desistir diante das dificuldades, aprender com as frustrações), autodisciplina.
  • Consciência social: empatia (perceber o ponto de vista dos outros), mostrar que entende como os outros se sentem, fazer leitura corporal, sentir e mostrar respeito pela diversidade de indivíduos e de grupos sociais. Conhecer o mundo em que vivemos e descobrir como podemos contribuir para as mudanças necessárias.
  • Habilidades de relacionamento: saber ouvir com sensibilidade e se expressar com clareza, cooperar (pedir e oferecer ajuda), ser solidário, trabalhar em equipe, sabendo como ser produtivo no grupo, gerenciar conflitos. Construir e manter relacionamentos positivos. Música: Comunicação
  • Tomada de decisões com responsabilidade: fazer boas escolhas pessoais e sociais, sabendo como se comportar e interagir socialmente com ética e segurança, respeitando as regras do convívio social. Avaliar a situação e as consequências de seus próprios atos, para evitar decisões impulsivas. Ser capaz reparar danos.

Benefícios de desenvolver as competências socioemocionais

  • Favorece a aprendizagem eficaz, que integra intelecto e afeto, pensamento e sentimento, mediados pelas relações sociais.
  • Facilita reconhecer e lidar bem com as emoções e os relacionamentos, que é o fator principal para bem-sucedido no trabalho em equipe e nas funções de liderança.
  • Melhora o desempenho acadêmico e a qualidade do relacionamento com colegas e professores.
  • Reduz a incidência de bullying e cyberbullying
  • Promove o desenvolvimento emocional saudável
  • Reduz a incidência de atos agressivos e antissociais, uso de drogas e evasão escolar. Isso é particularmente importante na adolescência, época de rápidas mudanças físicas, emocionais e cognitivas. O cérebro está se reconfigurando, e isso cria boas oportunidades para consolidar as competências socioemocionais para melhor enfrentar a pressão do grupo, a tendência a se envolver em comportamentos de risco e a exposição excessiva nas redes sociais.

Quando o professor desenvolve em si mesmo as competências socioemocionais consegue criar estratégias mais eficientes para aplicar nas interações cotidianas. Desse modo, elas se tornam hábitos mentais e não uma sobrecarga do currículo. Os alunos ficam mais engajados e motivados, o clima do convívio fica melhor e o prazer de ensinar/aprender se intensifica.

Além das competências socioemocionais, alguns conceitos da Base Nacional Curricular (BNCC) podem não ser claros para alguns professores. Baixe gratuitamente o Glossário Digital da BNCC e facilite seus estudos acerca do documento!

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